Diálogo não é monólogo
Por que só pedem para a “esquerda” dialogar?
Já há algum tempo a gente tem visto pedidos reiterados de “diálogo”, vindos de empresários, ruralistas, deputados de centro direita, religiosos etc.
O que é interessante nesses pedidos é que sempre são os funcionários, os “colaboradores”, os “progressistas” que devem estar abertos a “ouvir”.
A premissa é clara: os que não somos dos grupos que querem “dialogar” temos que aprender com esses grupos.
Diálogo não é Monólogo. Quem quer falar, tem que ouvir.
Por que o “empresariado” não pode ouvir os sindicatos?
Os ruralistas, os ambientalistas?
Os religiosos não devem ouvir as feministas, os LGBTI+. os defensores de Direitos Humanos?
As parcelas de todos esses grupos que honestamente desejam um país melhor e sejam minimamente honestos intelectualmente não precisam de oportunidade para falar.
Eles precisam criar oportunidades para ouvir.
Porque as grandes crises do capitalismo estão aí para quem quiser ver: a dessecularização do mundo, o adoecimento mental rampante, a crise de representação política, o aumento brutal da desigualdade, o desastre ambiental, a armadilha extrativista em que nos metemos...
Ao invés de pedir para o progressismo ouvir, o conservadorismo tem que fechar a boca um pouco e aprender, ele, com quem não trata o pais como uma mina de carvão, um entreposto comercial ou um escritório de agiotagem.
E por que essa raiva?
Ora: a SELIC subiu, na contramão do que deveria acontecer, ainda mais com a janela de oportunidade dada pelo FED. A Folha de São Paulo, em mais um editorial grotesco, coloca a “austeridade fiscal” acima da urgência do combate aos incêndios no País. Há farmacêuticas no Pais repetindo a mesma estratégia que promoveu a crise dos opioides nos EUA, em um pais onde a corrupção médica é crescente.
O comportamento da elite não muda. Fazem o que querem com o País, mas quem deve ouvir são sempre os outros.
A Cadeirada
Temos que falar nisso, né?
Sentimentos complexos aqui: não posso deixar de admitir que vibrei, me senti vingado, adorei o ato.
Por outro lado, não caberia em qualquer democracia civilizada um ato como esse. Mas isso somente se a gente assumir que o pacto civilizacional ainda vale.
Marçal abriu mão do pacto civilizacional: mentir, vilipendiar, escarnecer, xingar, “meter o louco”....fez tudo e mais um pouco, meio que abrindo mao dessa proteção mútua que nos outorgamos, e a que chamamos de civilização.
Como bem lembrou uma colega, quando o pacto civilizacional é quebrado, só resta a autotutela. E foi ela que Datena exerceu.
O melhor do mundo.
Por vezes temos oportunidade de experimentar coisas fabulosas.
Um desses momentos está chegando.
Se você nunca leu Eternauta, a Pipoca e Nanquim traz uma oportunidade de conhecer essa obra-prima, que nos mostra que não existe herói individual, que a resistência é uma construção coletiva, e entre o opressor e o oprimido há peões e gente que só quer sobreviver.
Oesterheld, o autor, foi caçado e morto pela sanguinária ditadura argentina, porque ousou viver o que pensava.
termino de ler e só penso na lista ENORME de pessoas a quem vou enviar. :)